sábado, 8 de janeiro de 2022

Resenha: A inútil capacidade de ser normal, de Fabrício Fonseca

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Olá, leitores!
Feliz 2022! Que este ano traga as coisas boas que os anteriores acabaram esquecendo no caminho. Desejo que tenham boas leituras, saúde e oportunidades.
Sendo assim, trago a resenha de mais um nacional.


Autor: Fabrício Fonseca
Páginas: 129

"Ser normal é completamente inútil. E não que você seja completamente diferente de todo mundo. Você é parecido comigo, com o Pit e muitas outras pessoas. No fim, existem diferentes formas de ser diferente e de ser normal, e isso é ótimo! Você pode tentar ser normal o quanto quiser, mas o máximo que você vai conseguir é ser um novo você, um você melhor. Ou seguirá pelo outro caminho e será um completo idiota."


Resenha:


Uma leitura fluida e despretensiosa.
Personagens mais reais, ainda que não perfeitos. Tem também algumas dicas e referências a livros e músicas.
João Lourenço considera-se um tanto diferente. Gosta de ler, tem poucos amigos, não costuma sair... O que é atípico para um adolescente, segundo sua mãe. E é nessa missão de torná-lo normal que ele se inspira e tenta ver de maneira diferente o ano letivo que está para começar.
Junto a Pit, seu amigo que também sofre pressão do pai para ser normal e abandonar o videogame, João passará por momentos bons, ruins e constrangedores, contudo isso resultará também em firmar mais laços.
Este foi meu primeiro contato com a escrita do Fabrício. A história é narrada por João e se desenvolve de maneira tão tranquila.
O título me foi bem chamativo, mas confesso que estava procurando uma leitura rápida e animada, pois a anterior só me fazia revirar os olhos.
Me identifiquei bastante com João. Li pensando: "O que há de estranho nele? Para mim, ele é bem normal." E conforme eu avançava e o via tentar se "encaixar", me perguntei quantas foram as vezes que também tentei ser mais como os outros.
Essa ideia de "ser normal" estaria mais para ser o que querem que seja. Ninguém definiu como é a normalidade, afinal somos todos diferentes e normais da nossa maneira. Essa, sem dúvidas, é uma mensagem simples que parece óbvia, mas não tanto, e vale a pena ser passada. As redes sociais corroboram demais com a pressão de como devemos ser e agir, do que devemos comer e vestir.
O livro traz alguns episódios na vida de João, que ama contar as histórias de algo que aconteceu com ele (olha eu me identificando de novo) e tem como maior foco a amizade. Pit e Leo se mostram ótimas companhias e formam um trio que eu diria ser acolhedor. Cada um com sua peculiaridade.
Uma ideia de romance surge? Sim, mas isso está longe de ser o alicerce do livro. Temos também embustes, até porque estamos falando de um livro com personagens adolescentes. Eles sabem ser irritantes.
A obra traz ainda "Perdão, Leonard Peacock" como dica de leitura, sendo o favorito de João. Entrou na minha lista depois de tanto vê-lo panfletando. Há também algumas menções a cantores, como Legião Urbana e Demi Lovato.
Trabalha de maneira leve alguns assuntos, dando destaque, obviamente, ao autoconhecimento.
Houve algo que me deixou num paradoxo. Achei que o autor poderia ter aprofundado mais certo acontecimento o qual ocorre no início do livro. Pensei que teria talvez uma pegada de investigação, mas não. De certa forma, compreendo, pois João não tinha intimidade com tal personagem nem era nenhum herói ou detetive. É situação um tanto triste se analisar no ponto de vista real. Um caso semelhante aconteceu durante meu Ensino Médio, o que chocou muita gente, mas não procedeu de forma tão diferente da apresentada no livro.
Talvez minha ressalva vá mesmo para o desfecho. Há a inserção de um "epílogo" no qual não consegui bem algo que acrescentasse a história ou tivesse referência aos acontecimentos. Achei meio desconectado e desnecessário.
Apesar dos pesares, foi uma leitura proveitosa.


Nota (3,5/5): 🌟🌟🌟💫