quarta-feira, 16 de maio de 2018

Resenha: Perto do fim, de Rosa Mattos

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Olá, leitores!
Mais um nacional lido e uma dica de outro para quem está procurando um livro que fisga o leitor desde a sinopse.


Título: Perto do fim
Autora: Rosa Mattos
Páginas: 243

"Acho que um dia deixarei de flutuar entre as lembranças e a realidade. E enquanto isso, vivo assim, entre dois mundos."

Resenha:

Uma leitura diferente unida a uma história com surpresas.
Jeff é um homem amargurado. Após perder a filha num incidente na praia, viu a esposa se afastar e morrer numa overdose de calmantes. Para piorar, na tentativa de dar fim a própria vida, ele sobreviver.
Seus dias não tinham luz. Não achava motivos para sorrir. Todo domingo era um ritual sagrado de visitá-las, levar flores e chorar, lembrar que estava a sete palmos abaixo da terra junto a elas.
Entretanto, no que poderia ser somente mais um domingo qualquer, ele escuta gritos desesperados e chega a tempo de salvar uma jovem de um possível abuso. Ainda que não fosse melhor momento, Jeff se vê impactado pela beleza de Valentina e posteriormente com a ingenuidade, bondade e esperança que exala.
Para completar, ele começa a ser ameaçado, porém tem dúvidas de quais os motivos disso e quem poderia ser.
Trata-se de um livro que realmente foi bem diferente do que eu imaginava. Ao ler a sinopse, comentei com amiga e fiz diversas teorias extremamente elaboradas as quais foram ao ralo.
O diferencial da obra se inicia pela escrita. Sem muitos quotes. A narração da história é o foco principal.
Jeff é um homem extremamente metódico e tenta se manter sempre atencioso a fim de evitar cometer mais deslizes que possam ser perigosos ou até fatais. Sendo ele o narrador, vemos o desenrolar dos fatos a partir de sua organização, indo desde sensações até os atos mais simples como acordar, tomar banho, descer as escadas. Em alguns instantes, esses detalhes podem parecer extremamente bobos e desnecessários, porém, em outros, mostram-se importantes. Vale ressaltar que o estilo de narração casa bastante com o personagem e conforme vamos conhecendo mais da história do Jeff, entendemos o porque carrega tanto peso sobre os ombros.
Em resumo? Ele poderia ser considerado aquele que passou na fila do azar duas vezes e ainda furou para tentar a terceira (e conseguiu).
Valentina surge de maneira que inicialmente me pareceu bastante suspeita. Todo seu bom humor e bondade foram dignos de me causar desconfianças (as teorias pipocavam) e junto a revelação da relação conturbada entre Jeff e o pai, me fazendo crer que nem tudo poderia ter sido coincidência.
O período curto que Valentina passa com os tios é o suficiente para que provoque em Jeff vontade de viver, uma redescoberta dos prazeres mundanos e, ligados as ameaças maldosas e constantes, o protagonista se vê vagarosamente protestando e lutando pelo entendido do porque de desejarem sua morte, acordando para a vida da qual passou tanto tempo desligado e superando os traumas diários, modificando rituais e encontrando algo que o reconfortasse.
Ao decorrer da narrativa, é possível ver que a autora trabalhou bastante no psicológico de um personagem maltratado. Jeff não é exatamente aquele tipo de personagem que você ama de primeira (talvez nem de segunda) e criar laços com ele deve ser baseado em grande empatia e compaixão, talvez tendo a mesma paciência que Valentina teve ao se aproximar dele.
Apesar das baixas ocorridas na vida de Jeff e o enredo que promete mistérios (e tem até certo ponto), não é um livro que traz uma história complexa e cheia de vai e vem, surpresas a todo instante, ainda que bem desenvolvida. Pelo contrário, vamos da calmaria a uma descoberta, depois retornamos a calmaria, desconfianças, calmaria.
Finalizando a obra, não sabia exatamente como me sentia, pois me encontrava em cima do muro entre as questões "esperava algo mais" ou "uma boa simplicidade para variar", ainda que a primeira opção apitasse com mais frequência. Senti falta de mais emoção e até mesmo ação, principalmente vinda do ameaçador de Jeff. Atitudes que fossem verdadeiramente perigosas e o atingissem mais.
É! Eu queria ver o circo pegando fogo.
Acredito que essa análise seja totalmente subjetiva e de acordo com a expectativa do leitor para a história, visando que a sinopse do livro por si só já deixa cheio de indações do "Por que? Quem? Quando? Onde?".

Nota (3/5): 🌟🌟🌟

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