quinta-feira, 26 de abril de 2018

Resenha: Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur

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Olá, leitores!
Esse livro é uma leitura desde já mais que recomendada e voltado tanto para quem tem experiência e gosta de poemas/poesias ou não, pois é bem diferenciado.


Autora: Rupi Kaur
Páginas: 208

"Essa é a questão sobre as pessoas egoístas. Elas transformam outros seres em apostas. Almas pra satisfazer as suas próprias. Num minuto estão te pegando no colo como se você significasse o mundo para elas e no outro te reduzem a uma simples fotografia. Um momento. Alguma coisa do passado."

Resenha:

Esse é um livro que, independente de quantas ou quais palavras, mesmo as mais bonitas, sejam escolhidas, nenhum texto vai resumi-lo.
Isso é maravilhoso! Incrível! Forte! Inesquecível! Trata-se de uma obra intensa e avassaladora, na qual Rupi Kaur teve a delicadeza e pulso firme para desenhar poesias gostosas, críticas, reflexivas, profundas.

"Graças a Deus você se foi. Eu não seria o império que sou hoje se você tivesse ficado."

Com uma leitura doce e ácida, simultaneamente, a autora desliza sua narrativa por versos livres e compondo desabafos e pensamentos pessoais sobre a imagem feminina e reflete quanto a questões como abuso sexual, a posição da mulher em sociedade, "humanidade", medo, empatia e sua ausência, amores e a cura de todos os males e feridas, a busca por si mesma.
Ainda que a temática seja voltada em especial ao redescobrimento de uma mulher em sua condição de feminilidade, a cada página, a autora cria um laço novo com o leitor - independente do gênero - de maneira semelhante a uma conversação.
Em algumas partes sentimos verdadeiros socos no estômago, em outras, vibramos e temos vontade de colar aquela frase na testa, sair gritando para o mundo que todos devem ter a chance de embarcar nesse fluxo do pensamento.
Sem dúvidas, seu desenvolvimento está tão equilibrado que mesmo falando de assunto pesados, consegue-se assumir a leveza. Um livro tão subjetivo como universal. A cada página que passava, eu senti a vontade de comentar com alguém e, quando me vi, estava totalmente presa ao texto sem sequer ter passado da página vinte. Ao fim a obra, não me senti vazia, mas plena e imensa. Aquela saudade boa, sabe? Até sobre isso Kaur me fez refletir, pois seus versos deixam sua marca, contudo nada que reflita desespero por mais, pois o ponto final sempre é uma nova vírgula para que qualquer adicional caiba ao próprio leitor.
Uma epifania quase palpável e impossível, ao menos para mim, de não se identificar repetidas vezes. A escritora deixa claro que, quando precisar de sua companhia, saberá onde estarão seus versos de ouro e não custará tanto para mergulhar novamente nesse mar de questionamentos, sendo mais um prazer de poder segurar a mão do leitor mais uma vez e recontar cada traço dado e assim (re)criar uma filosofia de si e para si quanto ao mundo.

Nota (5/5): 🌟🌟🌟🌟🌟

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